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A chegada à capital da República Checa foi de longe a mais agridoce da minha viagem pela Europa. Por um lado tinha o sol que iluminava a cidade e que, após estar numa Viena mergulhada na neblina baixa desde o nascer até ao por do sol durante dois dias, me dava outro ânimo e me reabastecia os níveis de vitamina D. Por outro foi o dar de caras com pessoas e recantos, ambos sombrios, que pouca segurança me transmitiam. Às vezes deparamo-nos com situações que obrigam-nos a mudar os planos. Senti medo, a sério. Estava sozinha e senti-me perdida. Parei. Respirei fundo. Contei até dez. Decidi partir à descoberta de outro sítio que me agradasse para pernoitar. E encontrei! Tirado o peso das minhas costas (literalmente também, a mochila já pesava!) comecei a explorar a cidade. A zona predileta durante a minha curta estadia, onde passava os dias a deambular, a desfrutar de cada pormenor que os meus sensores intrínsecos captavam automaticamente, foi a Old Town. Lá o ambiente era incrível, capaz de aquecer as ruas gélidas de um inverno rigoroso, com um cheiro a canela doce que pairava no ar, proveniente de cada uma das muitas barraquinhas de madeira, repletas de bolos e vinhos tradicionais (que provei claro! o trdelník foi um 10/10, tentem comer só um! o vinho achei enjoativo, não apreciei...). Também me fascinei com as pontes ao estilo romano, de calcários maciços, que uniam às margens do rio Moldava; e com a arquitetura tremenda dos edifícios que deixam qualquer um boquiaberto. Sem palavras, observei o que me rodeava passivamente. Não achei os nativos muito hospitaleiros, mas as paisagens e a envolvência proporcionada compensaram sem dúvida! No final de cada dia e com tantos km acumulados nos membros inferiores (que apelavam algum repouso) como de novas memórias, era hora de regressar ao meu porto seguro. Somava mais algumas peripécias e conversas inesperadas indoor (com um turco à mistura) e, já deitada assimilava toda a minha jornada até então. A last stop no terceiro dia foi a estação ferroviária e não o aposento. Adquiri o bilhete para viajar num comboio noturno até Budapeste, sem imaginar o que me esperava (spoiler alert). Tocaram as 22 badaladas, embarquei. Tinha cerca de 10 horas sobre carris até chegar ao próximo destino. Instalei-me surpreendida, a conter o riso e a transbordar adrenalina, numa “suite” de primeira classe (comprada sem saber, falha de comunicação, e que boa falha de comunicação ahahah). Após espalhar a minha tralha, comecei a explorar cada canto e a recolher cada oferta (como tuga que sou), e só depois adormeci, ainda de luzes acesas, exausta. Mas feliz. Embalada.